Numa primeira fase, até que estejam garantidas condições de protecção aos funcionários, deverão continuar vedadas a leitura e a consulta presencial na esmagadora maioria dos equipamentos. Volumes e documentos consultados cumprirão intervalos rigorosos entre utilizadores.
Lucinda Canelas 3 de Maio de 2020, 20:04
Ditou o calendário do desconfinamento que arquivos e bibliotecas abrissem portas logo na primeira fase do plano nacional para restabelecer alguma da normalidade perdida neste cenário de pandemia. Assim sendo, a partir desta segunda-feira os serviços começarão, lentamente e de acordo com as possibilidades de cada um, a recuperar as rotinas que ficaram suspensas com a declaração do estado de emergência, a 18 de Março.
Para já, no entanto, não se espere que a maioria das bibliotecas e dos arquivos tenha as portas abertas para leituras presenciais, adverte Alexandra Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas (APBAD), lembrando que grande parte dos arquivos do país continuou em funcionamento apesar das limitações impostas e que um “número muito significativo” de bibliotecas manteve o empréstimo de livros, com entregas ao domicílio ou em sistema de take away, “ao postigo”.
“Os arquivos mantiveram-se muito activos online, nomeadamente aqueles que nos municípios prestam serviços na área das escrituras e das licenças. Mas também houve bibliotecas por todo o país que fizeram um esforço notável para permanecerem em contacto com as comunidades que servem, e não apenas online, porque vivemos num país em que nem toda a gente tem computador em casa”, diz esta arquivista que lidera a APBAD. As bibliotecas móveis, que continuaram a cumprir os seus trajectos, levando livros a aldeias e outras povoações, são disso um bom exemplo.
“Estas bibliotecas são muito importantes para combater o isolamento no interior”, garante Alexandra Lourenço, evocando o trabalho de Nuno Marçal, que tem andado pelas estradas na região de Proença-a-Nova ao volante de uma carrinha cheia de livros e não só: “Bibliomóveis como esta levam também encomendas várias, de medicamentos a tintas do cabelo. Ligam as pessoas.”
Quarentena rigorosa
Na Torre do Tombo e nos 18 arquivos distritais, o trabalho também não parou, embora tenha estado até aqui a ser feito a partir de casa, assegura Silvestre Lacerda, director-geral do Livro, dos Arquivos e da Bibliotecas. Na segunda-feira parte dos funcionários regressa ao serviço – os que trabalham directamente com documentos –, mas os restantes manter-se-ão longe das instalações.